O primeiro chip ou microprocessador do mundo nasceu em 1971, ou seja, há 40 anos. Era o Intel 4004, unidade de processamento central (CPU) de 4 bits, projetado por uma equipe chefiada por Federico Faggin, Ted Hoff e Masatoshi Shima, os dois primeiros da Intel e o último da Busicom (depois Zilog). O primeiro chip tinha apenas 2.300 transistores.
Imagine, leitor, o salto que a microeletrônica conseguiu nessas quatro décadas, e quando mundo ingressa na era dos superchips - que reúnem mais de 5 bilhões de transistores numa única pastilha de silício.
No entanto, essa nova geração de microprocessadores ainda não mostrou todo o seu potencial. Os usuários ficarão realmente surpresos com o desempenho dos novos desktops, laptops, tablets, smartphones, televisores, videogames e outros aparelhos eletrônicos. Esses minúsculos componentes eletrônicos parecem fazer milagres.
Mesmo tendo acompanhado a área de microeletrônica ao longo dos últimos 40 anos, ainda fico admirado diante do progresso dos novos chips. Nos últimos meses, compareci ao lançamento do que poderíamos chamar de superchips, não apenas da Intel, mas da AMD, da Nvidia, da Texas, da ARM e da Qualcomm.
A linha Intel. Um bom exemplo do que chamamos superchips são os da geração Core, da Intel, os i3, i5 e i7, lançados pela empresa no Brasil, com a apresentação de mais de 20 produtos de diversos fabricantes de laptops e outros dispositivos de tecnologia pessoal.
Esses chips multinúcleos, projetados para fazer processamento paralelo, foram concebidos para uma época em que as pessoas utilizam muito mais imagens do que no passado.
"Essa utilização intensiva de imagens pode ser considerada uma das novas tendências da microeletrônica" - explica Fernando Martins, novo presidente da Intel no Brasil.
Essa nova geração de microprocessadores está, na realidade, mudando o cenário da eletrônica. Cada vez menores e mais rápidos, esses superchips consomem muito menos energia e são os responsáveis pela produção de imagens tridimensionais (3D) cada vez mais perfeitas, pela beleza e realismo dos novos videogames, pelo reconhecimento biométrico (de impressões digitais, da íris, da voz e da fisionomia) e pelos recursos cada vez mais inteligentes dos novos smartphones.
Com sua extraordinária capacidade de processamento de dados, sons e imagens, a nova geração de microprocessadores oferece à indústria recursos cada dia mais poderosos para laptops, desktops, smartphones, televisores e videogames - conforme anunciam os maiores fabricantes, como a Microsoft, a LG, a Samsung, a Motorola, a Dell e Sony.
Pessoalmente, já utilizo um laptop com um Core i7, e estou surpreso com a performance desse superchip.
O transistor. A maior invenção do século 20 talvez tenha sido a do transistor, componente de estado sólido que veio substituir as antigas válvulas a vácuo (tríodos). Seus três inventores, William Shockley, John Bardeen e Walter Brattain, cientistas dos Laboratórios Bell, ganharam o Prêmio Nobel de Física de 1956.
A notícia foi divulgada no dia 1º de julho de 1948 e previa apenas duas aplicações para o novo componente eletrônico: nas centrais telefônicas e nos sistemas de transmissão de rádio. O primeiro transistor, criado pelos pesquisadores, com a aparência de uma aranha, está exposto no saguão principal dos Laboratórios Bell, em Murray Hill, nos Estados Unidos.
Para quem avalia o enorme impacto da microeletrônica na vida humana, contemplar aquela pequena gambiarra de laboratório na vitrine dos Bell Labs é algo tão emocionante quanto estar diante de um avião histórico como o 14-Bis, com o qual Santos-Dumont voou diante de centenas de pessoas nos Campos de Bagatelle, em Paris, em 23 de outubro de 1906.
Ou contemplar a cápsula da Apollo 11, que levou os primeiros astronautas à Lua, em julho de 1969, no Air & Space Museum, de Washington.
Circuito integrado. O segundo grande salto da microeletrônica ocorreu em 1959, com a invenção do circuito integrado, associando diferentes tipos de componentes - como transistores, capacitores, resistores e indutores.
Embora tenha tido diversos precursores, o mundo reconhece como seus inventores Jack Kilby e Robert Noyce.
Em 1971, com o lançamento do chip Intel 4004 e, em especial, seu sucessor, o Intel 8080, em 1974, a eletrônica vai dar um de seus maiores saltos, permitindo a construção dos primeiros microcomputadores (como os Sinclair, Apple, Commodore e TRS), calculadoras e dezenas de outros dispositivos e equipamentos eletrônicos. O 8080 se tornou famoso, por ser um chip ou circuito integrado programável que processava palavras de 8 bits.
Fonte: Estadão.